quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Amizade não é "assim mesmo"

Eu até então dei muitas chances.
Todas as chances pros piores amigos, parentes e conhecidos do mundo.
Uma vez que eu dizia que te amava, você basicamente podia fazer o que quisesse comigo, com a certeza de que eu sempre perdoaria, que era só você voltar, quando quisesse, mesmo depois de anos sem nenhum contato e eu estaria aqui, de braços abertos pra te receber, mesmo que você tenha me prejudicado, qualquer desculpa pra mim estava ok.
O mais importante era manter as pessoas que eu amava por perto.
Como a vida é uma grande experiência dos humanos sendo burros e o universo tentando mil vezes ensinar coisas básicas, acabei passando por mil experiências horríveis que acabaram me ensinando coisas bem básicas que deveriam constar no senso comum de qualquer ser vivo.
Eu sou humana, por natureza, burra. 
Não sei de nada, absolutamente nada que acontece no mundo inteiro e ainda assim continuo vivendo e presumindo que sei o que estou fazendo.
A primeira vez que eu percebi que, talvez, por mais que eu tenha vindo a amar sim a pessoa, talvez e só talvez, essa pessoa seja ruim pra mim, tente me sabotar, me colocar pra baixo e me humilhar, a primeira vez que isso aconteceu comigo, eu tive alguma noção de que alguns amigos não são amigos, eu tinha mais de 16 anos.
Eu tinha essa "amiga" que eu achava que tínhamos uma conexão muito séria, muito importante, porque a gente tinha se conhecido no teatro e a gente trabalhava muito bem em cena juntas, então era sagrado, ela era minha amiga e ponto. 
Acontece que desde que a conheci, desde os meus 15 anos, ela SEMPRE me julgou, nunca tentou me ensinar nada, só me fazia sentir mal por não saber coisas que aparentemente ela já sabia. 
Ela tinha pelo menos 5 anos a mais que eu, vale ressaltar.
Enfim, ela parecia me detestar e ainda assim me chamava pra sair e pra conhecer os amigos dela e pra ir na casa dela e falava que nós éramos amigas. Mas a cada no máximo 5 meses ela fazia alguma coisa muito cruel comigo.
Primeiro eram coisas muito estranhas, uma vez eu cortei minha franja e ela falou que eu tinha "perdido minha essência" (o que basicamente significava que eu não me achava mais feia), depois contou pro meu amigo que fazia história do cinema com a gente e era mais velho que eu, que eu gostava dele, falou que eu comentava em anônimo no blog dele, sem meu consentimento, alegou que "ele merecia saber porque comentar no blog de alguém em anônimo era ser stalker e isso podia ser perigoso pra ele".
Ela ridicularizava constantemente meu inglês.
Qualquer coisa inteligente que eu falava na frente de terceiros ela respondia com entusiasmo extremo, falando coisas tipo "uau, não acredito que VOCÊ pensou isso", eu não entendia muito na época, mas era pra parecer que eu falando coisas inteligentes era raro e inesperado.
Eu dei tantas, tantas, tantas chances, relevei e só achei que fazia parte de ter uma amizade tanta coisa horrível e abusiva, tanta, tanta....
E mesmo assim eu só fui cortar vínculos de vez com essa pessoa quando, há menos de um mês, eu decidi vender nudes e, pro depósito, passei o cartão do homem que vive e divide todas as despesas comigo há mais de cinco anos, meu marido e a reação dela foi falar que "nude é uma coisa, agora a conta ser de um MACHO" tipo.... a pessoa não faz mais ideia de quem eu sou, quem é o tal macho, que que eu passo ou qualquer coisa, mas julgamentos que ninguém perguntou ela tá sempre PRONTINHA pra emitir.
Sei lá, eu tive cada referência horrível de amizade que no começo desse ano, quando eu realmente precisei de um amigo e tive não só um, como dois amigos incríveis que se desdobraram e fizeram uma diferença na minha vida tão grande que eu nunca vou poder retribuir, eu não consegui acreditar no que estava acontecendo.
Eu realmente fiquei tão emocionada e me ofereceu uma estabilidade tão grande no momento mais delicado que já passei.
Relações interpessoais são complexas e delicadas.
A vida inteira eu acreditei que ser sociável era uma obrigação, que eu tinha que ter muitos amigos.
Tava errada.
Não sou obrigada a nada e a ninguém.