quinta-feira, 1 de maio de 2025

A febre dos livros de colorir

Que todo mundo está obcecado com a ideia de pintar paisagens fofinhas não é secredo pra ninguém.
Mas o que fazer quando as tão sonhadas canetinha dobraram de preço ou pior, esgotaram por completo?
Você procura, procura e não consegue encontrar aquelas.
Todos os produtos da ohuhu esgotados no Brasil, cada link da shopee que você clica só dá esgotado.
Esgotado.
ESGOTADO!
Até que você encontra o Branco e Roxo e ele resolve todos os seus problemas.
Eu tenho o conjunto de 168 canetinhas da Touch e elas são maravilhosas.
De verdade estou colorindo como nunca antes. 
Elas são lindas, vibrantes e cheias de tonalidades.
Mas atenção, pintar com elas não é tão fácil quanto parece.
Elas vazam pro outro lado da página e é necessário treinar um pouco antes de começar, só pra se acostumar.
A parte que elas vazam também é fácil de contornar, é só colocar um papel manteiga entre as folhas ou uma camada de plástico.
Além das canetinhas, pra alcançar aquele mesmo resultado lindo das blogueira é interessante comprar também uma canetinha gel branca, uma Posca branca, algumas canetinhas de tinta acrílica, canetas gel com glitter coloridas, canetas metálicas.
E claro, os livrinhos!
Eu tenho um grande predileção pelos livrinhos desse coletivo de artistas chamado Coco Wyo.
Deles eu tenho o Little Corner, Girl Moments e ontem comprei o Cantinhos Bonitinhos.
Esses links que passei são dos livros de verdade.
Toma cuidado que lá na shopee tem um monte de gente vendendo cópia dos livros, eu particularmente odeio, mas se você gosta aí é com você.
Fui inventar de comprar um porque amei que chamava "Forest Wodden House" e achei que seriam várias casinhas na floresta, no final o que chegou foi um livro ridículo feito por IA, cheio de aberrações, bichinhos com três orelhas, um p*nis no meio do toldo da pzzaz (acho que era pra ser pizzaria).
Uma lástima, então tomem cuidado e só comprem de links confiáveis (tipo esses aí de cima).
Um beijo e ótima colorização pra você!
Ah! E pra colorir bem lindo não esquece: referência, referência e referência.
Não é sobre copiar o dos outros, mas sim aprender com eles e fazer do nosso jeitinho!

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Exatamente o que eu quero.

Descobri esses dias, fazendo uma meditação sobre poder pessoal, exatamente a vida que eu quero.
A vida que eu quero não depende só de mim.
A vida que eu quero pode ser vista como um culto.
E sabe o que é?
Eu queria viver numa pequena vila, cercada por montanhas, com todos os comércios veganos, todos os moradores veganos, só pessoas excelentes em seus trabalhos.
Uma comunidade que fosse muito menos centrada em dinheiro e muito mais centrada em dividir.
Um castelinho seria o centro comunitário, onde faríamos poções, banhos e magias.
Nos encontraríamos para confraternizar, comemorar festas, dar aulas, discutir ideias.
Uma vila que tivesse uma padaria vegana enorme e cheia de bolos e tortas e doces e pães de beijo, onde ninguém tivesse que escolher o mais barato, sempre pudéssemos comer o que de fato a gente mais quer.
Um lugar em que eu tivesse uma casa com esse jardim lindo, com um laguinho e uma horta, árvores frutíferas, flores e muitos bichinhos felizes.
Uma vila em que a gente cuidasse de animais, mas não pra abater, pra conviver, pra aprender com eles, entender que se cada um de nós tem um propósito nessa vida, com certeza com eles não seria diferente.
Um lugar colorido e cheio de vida.
Totalmente sóbrio.
Um lugar de natureza exuberante e um monte de gente boa.
Em que todo mundo trabalhasse junto, sem se matar, só fazendo o que precisasse ser feito.
Um lugar mágico e encantado, cercado de floresta e com um rio passando bem pelo meio da vila.
Um lugar calmo e sereno, pacífico, escondido.
É o mesmo sonho de fugir pra floresta, mas agora levar toda uma pequena cidade comigo, porque eu finalmente consegui entender que sou parte de um organismo maior.
Que não tem fugir de humanos, tem sair de situações de abuso.
E que benção não ter que fantasiar em me isolar pra ser feliz.
É impossível ser feliz sozinho.

14 anos

Eu sou muito madura pra minha idade. 
Ou pelo menos é isso que os adultos estão sempre me falando.

Acho legal que me considerem madura, mas pra falar a verdade não sei o que faz eles pensarem esse tipo de coisa, eu não faço nada demais, sabe?
Deve ser porque eu vou bem na escola e meus amigos são sempre mais velhos, eu acho. 
Alguns bem mais velhos, outros só mais velhos.

Por exemplo, meus melhores amigos são a tia Luiza, o tio Sandro e a Mariana.
Tia Luiza é quarenta anos mais velha que eu, o tio Sandro é trinta e poucos e a Mariana é sete anos mais velha, não parece muito, mas quando a gente tem quatorze anos, ter uma amiga de mais de vinte é meio emocionante, porque ela já passou da adolescência, mas não a tempo suficiente pra esquecer o quanto é difícil lidar com as coisas mais pequenas e aparentemente estúpidas, tipo o quanto as pessoas te ridicularizam na escola, ou ser muito mais magra e baixa do que absolutamente todo mundo que você conhece.

A Mariana me conta que na época dela de escola ela também sofreu muito com os colegas, mas porque ela é negra. Absurdo, né?

A gente nunca pode ser magra, gorda, negra, sei lá, a gente não pode ser nada, a gente tem que ficar tentando agradar os meninos senão eles te empurram e te xingam e ninguém da escola faz nada, tratam com a maior naturalidade as meninas da minha sala terem que ir de batom e se fazendo de a bonita ou a sensual ou sei lá mais o quê, com quatorze anos de idade, porque se elas não fizerem isso os meninos acham que tem o direito de nos humilhar, sei lá, eu gosto muito de estudar e aprender coisas, mas eu odeio muito a escola.

Mães & filhos

Preto e branco, as patas e o nariz cor-de-rosa, ele tava caçando uma bolinha de papel que eu tinha feito com um rascunho de rabisco.
Devia ser fácil ser um gatinho, gordinho e rosado, que brinca o dia inteiro com bolinhas, come e dorme.
Isso se a gente romantizar e simplificar toda a existência do gato, claro.
Isso se a gente fingir que gatos não se assustam, não sentem raiva e nem morrem de medo de ser abandonados, isso se a gente ignorar ou não acreditar que gatos são seres cheios de magia, seres que têm a capacidade de limpar as energias ruins do ambiente, eles puxam tudo pra si e depois lidam com todas as coisas horríveis que os humanos sem querer trazem pra casa.
Nada é de fato fácil ou simples, nem ser um gatinho ou um leão, nem ser uma planta ou um gás.
Menos simples que isso é ser alguém que não confia na própria cabeça.
Quando eu tinha 14 anos fui diagnosticado com transtorno paranóico esquizofrênico.
Desde então eu não confio mais nas coisas que as pessoas, que as outras pessoas não enxergam, me dizem.
Não confio porque, assim como pessoas que existem, as que só existem na minha cabeça também gostam de me enganar e assustar, só pra ver minha reação ou rir de mim, não sei.
Sei que só tem uma ou outra pessoa que não existe que eu confio e gosto, uma delas é o meu avô, eu sei que ele morreu antes de eu nascer, mas ele voltou pra mim em forma de alucinação e cuida de mim como meu pai cuidaria, se não tivesse me abandonado, meu avô faz tudo por mim e sorri toda vez que me vê.
Outra pessoa que só existe pra mim e que por acaso eu consigo confiar é a Julia. Ela é minha namorada.
Vi ela pela primeira vez na escola, estava sentada em um banco, debaixo de uma árvore, lendo o meu livro preferido e ouvindo meu disco predileto (Franny & Zooey e Narrow Stairs, respectivamente), desde então a gente não se desgruda. Eu acho meio chato que ela só aparece pra mim quando ela quer, mas é sempre um alívio ver o rosto que eu fantasiei tão perfeitamente pra me agradar.
Antes de eu ser diagnosticado, minha mãe me tratava como o filho excêntrico, engraçado, criativo e que falava sozinho às vezes, porque, segundo ela, eu era inteligente demais.
Ela estava sempre me justificando pra todo mundo como podia, me amava muito e detestava que falassem coisas sobre mim. 

Mas desde que disseram pra ela que eu tinha uma doença mental ela decidiu que tudo que já tinham falado sobre mim era verdade, que eu tinha enganado ela propositalmente durante todos esses anos, ela passou a me odiar e me ressente como se eu, de propósito, tivesse matado o filho dela. 
Falar sobre isso me deprime muito, porque eu só tenho 17 anos e ainda sou obrigado a morar com ela, minha própria mãe que me trata como o pior inimigo dela.

Nunca apresentei a Julia pra ela porque eu sei que ela é uma alucinação, mas parece que cada vez que ela vê que eu estou vendo a Julia fica com mais e mais ódio de mim.
É como se eu tivesse uma doença de propósito, só pra fazer ela sofrer. 

Às vezes eu deito de noite e fico fantasiando que o meu pai voltou, que ele só foi embora porque, sei lá, teve que salvar o mundo, porque ele enxerga pessoas invisíveis que nem eu, que na verdade eu não tenho uma doença, tenho um dom e vou salvar o mundo. Só que pensar isso me deprime, porque eu sinto como se tivesse traindo o meu avô, que é e sempre foi o meu pai de verdade.

Olhar o gato se espreguiçando enquanto toma sol me faz sentir bem de novo e parar de pensar nessas coisas. 

Pego uma roupa no armário e entro na minha banheira quente, a água me envolve e meu corpo se aquece lentamente, Dr. Fofloco bate com a patinha na água e se arrepende imediatamente, saindo do banheiro.

Queria poder nunca parar de tomar banho, ficar aqui na água sempre quentinha, sempre perfumado, longe de todo mundo, só eu, a água e, às vezes, o Dr. Fofloco com sua carinha de surpresa e nariz rosa. Eu gosto de ler no banho, mas isso já me fez perder muito mais livros do que eu gostaria, então me limito a olhar pro teto de geso com adornos florais e pensar nas pessoas que têm habilidade com as mãos, esculturas, pinturas... Eu sempre tento desenhar, mas não acho que nunca na minha vida tenha feito um desenho. Fiz rabisco, rabisco eu fiz, desenho nunca.

Às vezes, eu me pergunto o que a Julia vê em mim, eu sou louco, não tenho amigos e não sou nada bonito. Isso é outra coisa que mudou desde o meu diagnóstico. Todo mundo vivia me dizendo que eu era bonito, lindo, muito apresentável, um rapaz muito charmoso, essas coisas, mas, depois que fui diagnosticado, ninguém nunca mais me elogiou, nem pessoas, nem o espelho. Minha mãe me odeia mais ainda, agora que eu sou feio.


- Queria saber de onde você tira essas ideias.
- Que ideias?
- Isso aqui é algum trabalho de escola?
- Isso é o meu diário, mãe, larga o meu diário.
- Diário? Você tá dizendo aqui que não tem pai, não tem avô e nem namorada, que você é esquizofrênico, que eu te odeio, que diário é esse?

Meu filho começou a chorar e correu pro quarto.
Eu leio um negócio perturbador desses e, ao invés de me contar porque escreveu aquela porcaria, meu filho começa a chorar e vai se esconder no quarto.
Que que eu fiz pra merecer um filho desses?

Assim que o pai dele chegar eu falo essas histórias e esse menino vai levar uma coça, eu quero ver ele me acusar de odiar o meu próprio filho de novo. Eu quero ver.
Anastácia saiu da cozinha perturbada, triste, sem entender o porquê de ter lido as coisas do filho, ela nunca fazia isso, agora tinha feito e estava se sentindo desse jeito, sem entender nada, sem poder confiar na própria cabeça. 

Era um inferno ser Anastácia, ela odiava ser Anastácia e amava ser Lucas, era Lucas que ela era, que ela sempre quis ser, era Lucas que tinha clareza de ideias, que as pessoas respeitavam, que o filho era normal, era engraçado, Anastácia queria ser Lucas, mas não era, só tinha sido duas vezes e ela não lembrava bem como, nem quando, nem o que ela tinha que fazer pra conseguir se sentir sob controle de novo.

Era só preparar a janta, era só picar os legumes, colocar manteiga na panela, jogar a cebola, deixar tudo refogadinho, cheiroso e nutritivo, era só ela comer uma refeição quente e confortante, aí ela podia chamar o filho dela do quarto, tudo ia ficar bem, ela ia entender as coisas de novo.

Ainda bem que eu lembrei de lembrar da comida, a comida é muito importante.
Os temperos estalando, o cheiro de arroz fresco, sorte que a gente tem o que comer.
Que Deus nunca nos deixe faltar comida, amém.

Anastácia refogou berinjela com cebola e pimentão, fritou um ovo e fez arroz fresco:
- Desce, filho, tem comida.

O menino desceu assustado e triste, ele sabia que a mãe odiava ele, mas confundir mais a cabeça dele, dizer que ele tinha um pai, que tinha avô, que tipo de brincadeira doentia era aquela? E agora preparara uma janta, tinha chamado animada, feliz.

- Já já seu pai vai chegar.
- Mãe, para.
O telefone tocou, minha mãe esticou a mão pra atender e saiu da sala cochichando.
Ouvi ela soluçar, toquei seu ombro:
- Mãe?
- Eu vou ser presa, eu vou ser presa, eu vou ser presa.
- Mãe, como assim, olha pra mim, fica calma, presa por quê?
- Porque descobriram.         

Julgada

Eu cresci em um ambiente de muita gente.
E como qualquer lugar com muita gente, tinha gente boa e gente ruim.
E as pessoas ruins que me cercavam, como a maioria das pessoas ruins, me julgavam muito.
Muito mesmo. Desde a mais tenra idade.
Desde que eu tenho memórias.

Quando você é constantemente criticada antes mesmo de entender o que é uma crítica, você tende a acreditar nas pessoas ruins.
"Você é ruim", "Você é feia", "Você é teimosa", "Você é irritante", "Você é gorda".
Nada dessas coisas eram reais porque eu não tinha nem tamanho ou oportunidade pra ser nenhuma dessas coisas, eu tinha acabado de chegar no mundo.

Mas quando um adulto fala pra você, uma criança pequena, que você é todas essas coisas você simplesmente acredita. Afinal de contas é um adulto, um ser responsável.
E ele não diria essas coisas se não fossem verdade, certo?
Eles não fariam isso, são adultos, afinal.

Eles só estão tentando me proteger e me ajudar a descobrir quem eu sou.
E por acaso eu sou uma criança que nasceu ruim, feia, teimosa, irritante e gorda.


Ao longo da vida fui descobrindo que era outras coisas também.
Por exemplo eu era extremamente desafinada, e não importava que meu tio que era músico há mais de 40 anos dissesse que não, que minha voz era linda e que eu cantava muito bem.
Porque a lógica que eu utilizava na minha cabeça de criança era que elogios podem advir de gentilezas, críticas essas sim tem mais peso e são mais reais.

Porque pra que alguém sairia do seu caminho pra tentar influenciar a vida de uma criança, se não fosse por amor e preocupação?
Ninguém é tão desocupado e amargurado assim.
Ainda mais uma pessoa da sua família.
Certo?

Errado. Tem gente que é sim.
Tem muita gente que é.

E a gente, como os adultos de agora, temos que lembrar quanta gente continua sendo assim.
E o quanto as crianças não falam.
Geralmente não adianta perguntar, o que mais dói na criança é o que ela mais vai esconder, principalmente se você for uma referência positiva na vida dela.
Ela não quer que você também ache que ela é ruim, feia, teimosa etc

Com crianças que somos guardiões então o que a gente pode fazer?
A gente deve adivinhar.
A gente deve sentir.
A gente deve intuir.

É por isso que colocar uma vida nesse mundo é uma responsabilidade tão grande, porque não cabe só a você educar, você tem que se conhecer tão bem, estar tão sincronizado com a sua própria essência, sentimentos e intuição que você é capaz de adivinhar quando alguém está propositalmente tentando sabotar a vida do seu filho. Quando alguém está sendo cruel com um serzinho que acabou de chegar no mundo.

O cuidador de uma criança precisa ser sobrenatural, mágico, pra conseguir protegê-la.
E não se engane, ele tem que protege-la.
Falhar em fazer isso é falhar como ser humano.

Não, traumas não criam caráter, pelo contrário, eles atrapalham e às vezes até impedem a pessoa de alcançar suas potencialidades.

Uma pessoa ruim é uma pessoa muito poderosa.
Porque a gente evoluiu pra temer o ruim, porque a gente precisa sobreviver e a melhor estratégia de sobrevivência é evitar o que faz mal.

Correr do que faz mal.

Não pode bater, não pode gritar e também não pode deixar os outros baterem, não pode deixar os outros gritarem. Não pode.

Será que é sequer possível estar preparado pra tanta responsabilidade?


Imagens.

São capazes de evocar tantas emoções.
Acabei de postar um compilado de coisas, momentos que eu amo no Minha Janela Aberta, fotos que estavam perdidas pelo meu celular e computador.
Fotos que eu tirei sem pensar na beleza, no enquadramento, fotos de família, sabe?
Fotos pra lembrar de momentos.
É tão bonito ver a vida passando pelos enquadramentos que eu decidi guardar.

Esses dias uma moça estava falando num vídeo do tiktok que muitas vezes a gente esquece que além dos personagens principais da nossa própria vida, nós somos também os diretores.
E todo o lugar que a gente decide olhar, decide dedicar nossa energia para, é a direção da nossa vida.

Se você decide focar no que é duro e feio na sua vida, quando for morrer é disso que vai lembrar.

Esses dias eu tentei me reaproximar de um amigo, um amigo que eu conheço desde os 11 anos e que eu não falo com há 6.
Mandei uma mensagem, chamei ele pra sair pra conversar e ele não respondeu.

Quando eu conheci ele, eu tenho certeza que estaria arrasada, aliás há 6 anos atrás também, teria me perguntado um monte de coisas. O porquê.
E a real é que eu não tenho nada a ver com isso.

Fiz o que parecia melhor pra mim, senti saudade de alguém e contatei essa pessoa.
O resultado disso só voltaria a ter alguma coisa a ver comigo no momento que ele me respondesse.
Como não respondeu eu só deixei pra lá.

É engraçado crescer.
Tem gente que envelhece e não cresce, porque muito diferente do que muita gente pensa, não basta continuar vivo pra crescer.
Você tem que escolher crescer, todos os dias.
E cada dia que você deixa pra lá, você deixa de crescer.
É um esforço grandioso tentar aprender de fato com a vida.

Eu nunca pensei que um dia conseguiria não sofrer pelos outros.
Nunca acreditei que um dia ia conseguir entender que eu não tenho controle de nada e que isso é uma benção sem tamanho.
Acho que eu nunca tive fé.

Fé, essa palavra tão mal interpretada.
Ter fé não é ficar de bobeira e achar que tudo vai se ajeitar, ter fé é fazer tudo que você pode, consegue e acha certo e ter certeza que o que está por vir só pode vir pro bem.

Sabe aquilo que falam que o que não dá certo vira aprendizado?
Eu diria que absolutamente tudo dá certo.
Aprendizado é a melhor coisa que a gente pode levar dessa vida.

Aprendizado e amor.
Aprendizado e bons momentos com as pessoas que você ama e é só isso.
Esse é o propósito da vida.
Viver e ter coisas que te fazem tão feliz que você tem até vontade de tirar uma foto pra registrar aquele momento. E às vezes você tira mesmo, outras você só curte.

Eu lembro de tirar fotos mentais de coisas quando eu era criança, eu não tinha uma camera, mas eu parava e pensava "vou lembrar desse momento" e guardava um frame. 
Tenho até hoje eles guardados aqui.


quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Ser eu mesma.

Mas o que é ser eu? Como que eu vou saber?
O eu é o que sobra quando acaba o medo.
O medo de se olhar, o medo da rejeição e da insuficiência.
O medo da solidão.

É solitário ser você, porque pra isso é necessário abdicar do que você construiu na sua mente sobre você, da identidade que você projetou pra ser amado.
E nem todo mundo consegue ou quer.
E quando as pessoas não são elas e você é, elas se sentem expostas, vulneráveis.
E ninguém gosta de se sentir vulnerável.

Não é nem consciente, só bate aquele sentimento de inquietação.
E eu só sei disso porque passei anos me deparando com essas pessoas que ousavam ser elas mesmas e era extremamente desconfortante.

É tipo como as pessoas se sentem quando elas descobrem que eu sou vegana.
"Você acha que você é melhor que eu?". Nem acho, não acho nada.
"Quem você pensa que é pra não precisar se esconder?".
Eu morria de medo de ser abandonada pelas pessoas que eu amava, mesmo no fundo, no fundo sabendo que elas não me amavam de volta.

Uma vez essa pessoa que era importante pra mim me confrontou por ter escrito uma carta.
Uma carta que eu nunca escrevi.
Ele não acreditou em mim quando eu falei que não tinha escrito e na época eu fiquei ofendida, pensava "eu não minto". E a verdade é que não mentia mesmo, não sobre nada, mas mentia o tempo todo sobre quem eu era.

O que eu queria.
O que eu sentia.
O que me incomodava.
Meus medos, minhas vontades.
Eu só queria ser amada.
É o que a maioria de nós quer.

Mas o engraçado é que o amor que a gente recebe nunca é o "que a gente queria".
Se sua mãe te ama "ah, mas porque ela é minha mãe".
Ignorando a sorte que é ter uma mãe que te ama.

Se seu avô te ama "ah, mas ele é obrigado".
E ninguém é obrigado a amar ninguém.
E mesmo que fossemos obrigados por lei, amor não é algo que se escolhe.
A gente só ama.

Amar nos faz reféns.

Acabei de ler um texto em que aparentemente meu avô estava bravo comigo e fiquei muito confusa, porque não lembro do meu avô bravo comigo.
Mas se eu escrevi é porque aconteceu, eu sempre reconheço meus textos autobiográficos.
E aparentemente ele ficou, mas agora não está mais.

Tenho passado bastante tempo com meu vô e meu pai. Tem sido muito bom.

Eu parei de desejar ser amada por quem não me ama, me agarro a todo o amor que recebo e tento deixar sempre claro o quanto sou grata e amo de volta.

Sofrer é uma filosofia de vida, filosofia ruim. 
Não é opcional quando a gente ainda é jovem e confuso, mas com o tempo se torna uma opção.

E eu realmente cansei de sofrer por bobagem.
A vida já tem baixos demais pra eu ficar inventando moda.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Organização

Dia de organizar as coisas por aqui.
Colocar tudo em ordem na vida imaginária.
Atrás da tela.

Ser uma criadora de conteúdo profissional tem umas coisas...

Ainda mais tendo minha profissão.
Quase como se eu tivesse que escolher.

Hoje tava ansiosa porque coloquei um link, num link pra um site meu.

Parece que tudo bem, mas vai saber.

Nossas experiências mudam tanto o jeito que a gente vive.
Depois que eu perdi meu ganha pão sinto que piso em ovos.
Ao mesmo tempo que sinto que essa experiência foi essecial pro meu desenvolvimento como pessoa.
Geralmente aprender é muito mais importante e valioso que qualquer dinheiro, aprender é pra sempre, dinheiro tá sempre indo e vindo e se não tiver, você não sabe ter dinheiro.

Eu costumava não saber ter dinheiro.
Acumulando e acumulando e nunca comprando absolutamente nada do que eu queria.
Queria não, precisava.
Eu "não podia ser consumista".

Nunca investia em mim, como que qualquer coisa poderia dar certo?

Mas fui aprendendo.

Tive que perder todo o dinheiro que tinha acumulado pra aprender, porque dinheiro é uma energia e se você não gasta ele, ele se gasta sozinho.
E se gastou. Todas as minhas economias foram embora.
Antes mesmo d'eu perder meu instagram.

E quando as coisas estavam se ajeitando de novo BANG!

Minha conta excluída sem nenhuma explicação.
E lá vai gastar dinheiro sem ter com advogado.

Aprendizado.

Descobri esses dias que minha cabeça não aprende como a da maioria das pessoas. Mas aprende.
Aprender é pra sempre.


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Insistir

Qual foi a última vez que você insistiu em algo que você não é bom em?
Qual foi a última vez que você passou vergonha por isso?
A vergonha é o preço da excelência.
É muito difícil ser excelente sem insistir.
Você pode ser bom, um talento natural, mas só fica excelente quem não desiste quando fica difícil.
Eu demorei muito anos pra aprender essa lição, mas agora não levo mais pro pessoal.
Costumava fugir de tudo que eu não era boa em de primeira.
O que torna a vida de alguém muito limitada e tira a graça de tudo.
Imagina não ter que tentar e tentar de novo até finalmente ter aquela sensação maravilhosa de que você pode contar com você, com sua persistência e inteligência?
Não é fácil entender que quanto mais fácil menos satisfatório.
Parece contraintuitivo. Errado.
E ninguém aqui tá falando de dificuldades intransponíveis.
Mas receber tudo de mão beijada te faz despreparado.
Porque a vida é linda e doce, mas não é fácil.
É complexa e cheia de nuances.

E alguém que só faz o que é bom em, é alguém totalmente despreparado pra lidar com ela.


quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Colapso

Ontem eu tive um colapso mental.

Fiquei 3 meses sem menstruar de estresse e em novembro o trabalho que levei 4 anos pra construir foi deletado, sem nenhuma explicação ou forma de apelar.
Digo, apelar de novo porque apelar eu apelei e muito.
Por formulário, carta, e-mail, advogado... Fiz o que deu. Não rolou mesmo assim.

Um monte de lembranças, amigos, clientes, colegas de profissão, professores, tudo... POF!

Tecnofascismo.

A gente trabalha de graça para as plataformas, anos e anos de dedicação, ninguém tá ali pelo Instagram, as pessoas querem ver as Julianas, Ferdiz, Marianas, ninguém tá ali pelo site.
Eles sabem disso e mesmo assim detém todo o poder.

Podem simplesmente um dia deletar tudo que você trabalhou por e nem explicação precisam dar.

Aí ontem eu tava de TPM e triste, tão triste, tão triste e irritada e revoltada e com essa sensação de injustiça e ódio e mágoa e meu cérebro não aguentou.
Vontade terrível de deixar de existir, de deixar tudo pra lá.
Eu devo mesmo ser uma pessoa horrível e abominável se parece que tanta gente quer me ver sofrer. Eu devo ser detestável e talvez o mundo fique muito melhor sem mim.

Liguei pra minha mãe e ela disse que eu estava vendo as coisas de maneira dramática.
E tava mesmo.

Como eu já disse, ninguém ia lá por causa daquela plataforma, as pessoas iam pra me ver, saber de mim, conversar comigo...
Menos um escravo trabalhando pra vocês.
Azar de vocês.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Lamentações

Deve ser difícil ter pais que nunca pedem desculpa.

Que independente do mal que te causam acham que estavam certos e "apenas querendo o seu bem", deve ser difícil ter que lidar com esse tipo de arrogância autoritária.

Me peguei pensando nisso porquê estava conversando com minha mãe por mensagem de voz e numa delas ela teve que espirrar no meio da frase e falou "desculpa, filha" e eu reconheci essa frase como familiar, minha mãe nunca teve problemas com se desculpar (muito embora tenha muitas falhas, como qualquer ser humano), e essas desculpas me fortalecem, desde muito pequena, me dão a confiança de que independente do seu tamanho, da sua idade, da sua posição, você vai errar e faz parte.

E erros são muito comuns na minha vida, eu tô sempre cometendo, "se eu não tivesse ido naquela festa", "se eu não tivesse me aproximado daquela pessoa", "se eu tivesse sido mais calma", "se eu tivesse prestado mais atenção", "se eu tivesse feito o que eu queria e não o que me falaram pra fazer" e um monte de outros questionamentos vazios que não me levam a melhora alguma.

Eu fui na festa, falei com a pessoa, fui nervosinha, não prestei atenção ou segui minha intuição. 

Eu já fiz tudo isso e não tem botão de desfazer na vida, e, pelo menos por enquanto, não tem máquina do tempo, então todos esses questionamentos só servem pra me sabotar, pra ficar pensando no passado e não me preparar pros erros do futuro. Desejar não ter cometido erros, me torna mais fraca e menos capaz de analisar as situação que, agora sim, eu tenho o poder de modificar para o bem.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Gratidão


É um sentimento tão bom quanto estranho, porque quando ele me invade, eu só consigo chorar. É de amor, mas é choro, copioso.

Eu não consigo entender como que u recebi tantas bençãos e o quanto mais ainda tem pra receber e o quanto o mundo é lindo, perfeito e divino e tudo tem um propósito ideal e nós estamos todos onde deveríamos estar.

Mesmo as situações de extrema injustiça tem seu espaço, seu lugar, porque essas situações servem pra nos mostrar o que a gente não quer nunca mais.

É um processo duro e árduo, mas contínuo e lindo.

Tudo caminha pra mais perfeita harmonia, tudo caminha pra não existirem mais predadores, só criaturas, só amor e fraternidade. 

Ninguém disse que é justo ou fácil, mas o universo se encaminha pra mais pura ordem, calma e paz de espírito e todo sofrimento e dor e mágoa, todo abuso e abusador teve e tem seu porquê e seu espaço. 

A existência é bonita e contínua.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Eu estou tendo um ataque de pânico


O sangue marcha pelas minha veia, imperativo, como se quisesse estabelecer hierarquia de comando “você não tem mais controle”

O meu peito arqueia, dói, parece que a qualquer momento eu vomito um órgão importante

O abismo vai me afogando, aos pouco, como quem mergulha muito fundo e tenta subir, rápido, antes que o ar acabe e seu cérebro se entregue pro fim do oceano

Do meu lado dorme meu amor, eu sei que a maneira mais rápida de me acalmar é abraçando, agarrando ele

mas por querer bem não agarro, não afago, tenho medo que meu pânico pule do meu peito e comece a inundar minha casa e todos os que amo, como uma planta que cresce forte te enforcando e puxa pra si quem tenta te salvar

Tento uma oração, duas, dez vezes

Sinto que se eu continuar eu posso me acalmar, se eu fizer mais vinte, duzentas vezes, aquela oração vai acalmar meu coração

Eu sinto muito

Por favor me perdoe

Eu te amo

Sou grata

De novo

De novo

De novo, lembro de Franny & Zooey e tento recordar o que fez a Franny não parar de repetir aquela oração e agora o meu medo é que eu também não consiga nunca mais parar 

Eu sinto muito

Por favor me perdoa

Eu te amo

Sou grata

O anjo exterminador

Prendo o fôlego e paro a oração

Linhas de um texto começam a se desenhar na minha cabeça, até que involuntariamente meu corpo pega um meio

mas nem isso acalma, nem isso distrai

Meu corpo convulsiona, de um lado, pro outro, vira, tenta respirar fundo, mais fundo, mais fundo e o ar não chega

meus pulmões esqueceram o que fazer, mais uma lembrança perdida

tudo vai ficando esbranquiçado e distante

azul, azul

"eu amo tanto, 

é o menino mais lindo do mundo, 

ele é tão talentoso

por que ele estaria comigo?

eu estou enganando meu amor?

eu tô enganando meu amor

ele não entende, ele merece melhor

ele merece uma pessoa melhor, mais esperta, mais bonita e talentosa

eu sou uma farsa, eu estou acabando com tudo sendo má e egoísta e atrasando a vida de todo mundo ao meu redor

eu tô enganando todo mundo que eu amo

eu não mereço amor

eu não mereço amor

eu não mereço"

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Parece que hoje não era opcional.


Tem dias que você acorda e você tem que.

Tem que respirar fundo, ou escrever aquele texto, ou ver você.

Dias obrigatórios.

Hoje eu sou obrigada a me acalmar, olhar pra fora direito e ter sempre uma resposta serena. O mundo é perigoso pra quem não consegue pelo menos fingir serenidade.

Esses dias chamei um policial, eu precisava de ajuda, mas um deles não queria ajudar, ele queria ser agressivo, violento e mostrar que tinha poder. O próprio colega teve que chamar reforços pra acalmar o homem.

E eu tive que resolver o problema sozinha, problema sem solução. Olhei na alma da pessoa e pedi "por favor, não me enlouquece mais, olha pra mim, olha o meu estado de nervos" e agora que ele foi embora o alívio é tão grande, mas o medo dele voltar permanece, o medo é aterrador.

Porque essa é a questão com tortura psicológica constante, você vai se reduzindo ao medo, a angústia, a sensação de que você não pode fazer nada e quando eu fiz, dois vizinhos, dois estranhos vieram até mim agradecer, porque eles também não aguentavam mais. O som, a audição.

Quando não estava acontecendo ou eu sonhava ou eu alucinava que estava. Um dia fugindo pra longe o som continuava a me seguir, sem parar, corria atrás de mim como um foguete.

A cidade é um pesadelo, um amontoado sem fronteiras de pessoas tentando sobreviver mais um dia, sem horizonte, sem mar, sem rio, só cinza, sujeira. E o barulho, o barulho constante.

Ele não sabe falar nenhuma língua, mas pelo que entendi da nossa comunicação ele não sabia como podia me incomodar tanto quando eu morava na cidade. Ele apontou para os carros, para as pessoas. Apontou pro céu e fez sinal de não.

Os olhos dele me acompanharam por dias. Inadequada, exagerada, o alívio vinha e em seguida uma sensação de enorme vergonha e medo que me inundava.

A verdade sobre o ódio é que se você olha pra ele o suficiente, se você encara ele bem nos olhos, ele nunca se sustenta. Ele sempre parece patético e desesperado, o ódio é um meio, não um fim. E um meio bambo, sem nenhuma sustentação. Senti-lo, mesmo que por pouco tempo e com justificativas, sempre nos torna menor e mais fracos. Ninguém quer o ódio, por isso ele é assim.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Outra coisa


A internet me mudou e me moldou ao longo dos anos.

A primeira vez que tive acesso a internet, eu tinha menos de 8 anos, no comércio do meu avô, entrava no site da Turma da Mônica, da Barbie e no chat uol. 

Nenhuma regularidade, quando eu estava lá e o computador estava desocupado. 

Além de brincar de colorir eu queria conversar, me comunicar com pessoas sem sentir vergonha, sem me preocupar com o meu peso, se estavam prestando atenção na minha barriga.

A primeira vez que fui ter o meu computador e pude fazer tudo que eu queria, eu tinha uns 11 anos, mais ou menos na mesma época em que menstruei pela primeira vez. Toda minha puberdade passada dentro de uma caixa de luz. Cheia de gente mais velha que se sentia muito a vontade pra julgar e ter muitas opiniões sobre pessoas mais novas, às vezes, bem, bem mais novas.

Mas a minha ansia por comunicação não passava. Eu gastava horas, dias e semanas. Todo assunto me interessava, eram tantas coisas pra aprender, meu cérebro nem dava conta. Tantos novos jeitos de ser, coisas pra ouvir, filmes pra ver, eu emergi no universo cibernético que escolhi como se fosse minha única vida.

E por fazê-lo, de repente a minha vida real tinha menos graça, então fui passando cada vez mais e mais tempo da minha vida real em função da digital, comecei a conhecer pessoas pessoalmente, que antes eu só conhecia na internet, diversas, me dava bem com todas. Pelo menos no começo.

E a internet revolucionou a forma como eu interagia com as pessoas, agora eu tinha tempo pra pensar no que dizer, eu podia tentar ser mais agradável, fazer só as piadas com graça, eu podia não me colocar para baixo ou me preocupar com a minha aparência. Eu podia só tentar ser uma versão mais legal de mim mesma. E eu me afeiçõei a essa versão. 

Eu sabia que eu não era a Fernanda que morava na internet, mas eu queria ser. Lá eu me sentia querida, eu entendia as pessoas, porque lá eu não tinha nada pra ler além de palavras.

Lá se alguém era cruel comigo, não dava pra mascarar com uma risadinha.

Eu entendia ou humanos de lá, ou pelo menos eu acreditava que entendia.

Não sei quem eu seria hoje se nunca tivesse conhecido esse mundo alternativo. Não consigo imaginar ter nascido com tudo isso já disponível.

A quantidade de pedófilos que interagiram comigo ao longo dos anos, é um milagre que nada de pior tenha acontecido. Sorte.

Tive muita sorte e muito azar com tudo que me aconteceu pelo meu constante uso de internet.

Adquiri um vício extremamente difícil de se desvencilhar de.

E um monte de experiências caóticas. Outras maravilhosas.

Equilibrio está em tudo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Cada uma


Eu sonhei que você me trocava. Foi muito real.

A gente estava juntos, aproveitando as férias, quando uma menina chamou sua atenção, você também chamou a dela e você me disse que eu tinha que "ter muita paciência" porque "a gente sabia que um dia isso podia acontecer".

Isso.

Referindo-se a se apaixonar por outra pessoa, enquanto de mãos dadas comigo.

Referindo-se a se apaixonar por alguém que não tinha o menor respeito por, por exemplo, o relacionamento de outra pessoa.

"O que essa gorda estaria fazendo com esse homem tão bonito? Ele está claramente infeliz, obrigado a continuar nesse relacionamento. Preso".

Era como ela justificava não pensar nem por um segundo antes de ficar toda em cima de você. E você deixava, porque, afinal de contas, é extra normal se "apaixonar" por uma estranha enquanto segura a mão da pessoa que passou por tanta coisa com você.

Ele não podia perder essa oportunidade. E se eles fossem almas gêmeas, né?

E eu ficava. E tinha "muita paciência". 

Com ódio e rancor e mágoa eu me submetia a essa situação humilhante porque eu, como mulher gorda, concordava com a menina que não pesava nem 50kgs, pra fazer isso ele realmente não me amou, ele realmente só se sentiu seguro do meu lado e se só eu amo, tenho que fazer todos os sacrifícios.

Ao acordar, óbvio que nada disso fazia sentido e ter vivido esse filminho só me fez ter mais certeza de que na minha vida não cabe nenhum relacionamento que não seja recíproco. Nenhum.

Nem pai, mãe, amigo, nada.

Se a gente não se ama, se respeita e se sente agradado com a presença do outro na mesma proporção (não que seja possível medir completamente, mas há indícios), eu nem quero. Eu prefiro minha própria companhia.

Eu sempre achei estranho o quanto, aparentemente, as pessoas dependem umas das outras para as coisas mais bobas, ir no cinema, jantar num restaurante, ir numa peça de teatro, "sozinho eu não vou". 

Pois eu vou sim e adoro, às vezes, gosto até mais. Faço tudo exatamente como quero, me divirto, penso bastante e depois volto pra casa. 

Gostoso, sem dramas ou surpresas.

Eu entendo a parte das mulheres terem medo da violência, mas eu me recuso a viver com medo, mesmo sabendo das estatísticas e tendo vivido essa violência na pele, eu me recuso a viver menos pra considerar um medo de algo que pode ou não acontecer e que, se acontecer, meu medo anterior, não vai suavizar ou me ajudar em nada. Então eu vivo sem medo. 

E sinto muito amor por mim, quando magra e perfeitamente dentro do padrão de beleza, ou agora, um pouco menos dentro desse padrão, mas perfeitamente maravilhosa também. Eu amo quem eu sou, quem eu me tornei.

Tô sempre me perguntando o que eu tô fazendo aqui, qual meu propósito, pensando que eu, com 27 anos, já deveria ter uma carreira e saber exatamente o que fazer da vida, mas eu não sei, por isso faço muitas coisas e, às vezes, faço nenhuma. E tá tudo bem.

Eu vendo nudes, há mais ou menos 4 meses comecei a vender nudes. Era algo que muita gente pedia e eu, sem dinheiro e precisando pagar contas falei "ok" e comecei a vender. No começo nenhuma mulher se sentiu no direito de me xingar ou tentar diminuir essa minha opção (homens eu nem sei, realmente não consigo me importar com suas opiniões mais, passei muitos anos achando que elas importavam demais), mas há mais ou menos uma semana e hoje duas mulheres vieram me cutucar.

Nenhuma delas teve coragem de ir mais longe do que um "oxi" ou um "achei que você fazia vídeos" (sim, linda, é impossível fazer duas coisas), mas, claro que me incomodou. 

Me incomodou porque o fato de eu vender nudes não me torna menos capaz de fazer outras coisas. Coisas legais e geniais e que podem fazer pessoas se sentirem mais felizes, eu continuo a mesma pessoa, mas tem gente que gosta de classificar outras pessoas e eu acho que eu tenho medo de ser classificada como coisas que eu nem sou porque eu não tenho vergonha do meu corpo nu. Porque eu preciso de dinheiro e existem pessoas que me disseram que me ver nua era um sonho. Não um ou duas, muitas e muitas. E eu realmente não ligo. Eu vivo no Brasil, no verão, o natural seria que as pessoas não vestissem roupas, é só um corpo, deveria ser a coisa mais natural do mundo, mas não é. 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Amizade não é "assim mesmo"

Eu até então dei muitas chances.
Todas as chances pros piores amigos, parentes e conhecidos do mundo.
Uma vez que eu dizia que te amava, você basicamente podia fazer o que quisesse comigo, com a certeza de que eu sempre perdoaria, que era só você voltar, quando quisesse, mesmo depois de anos sem nenhum contato e eu estaria aqui, de braços abertos pra te receber, mesmo que você tenha me prejudicado, qualquer desculpa pra mim estava ok.
O mais importante era manter as pessoas que eu amava por perto.
Como a vida é uma grande experiência dos humanos sendo burros e o universo tentando mil vezes ensinar coisas básicas, acabei passando por mil experiências horríveis que acabaram me ensinando coisas bem básicas que deveriam constar no senso comum de qualquer ser vivo.
Eu sou humana, por natureza, burra. 
Não sei de nada, absolutamente nada que acontece no mundo inteiro e ainda assim continuo vivendo e presumindo que sei o que estou fazendo.
A primeira vez que eu percebi que, talvez, por mais que eu tenha vindo a amar sim a pessoa, talvez e só talvez, essa pessoa seja ruim pra mim, tente me sabotar, me colocar pra baixo e me humilhar, a primeira vez que isso aconteceu comigo, eu tive alguma noção de que alguns amigos não são amigos, eu tinha mais de 16 anos.
Eu tinha essa "amiga" que eu achava que tínhamos uma conexão muito séria, muito importante, porque a gente tinha se conhecido no teatro e a gente trabalhava muito bem em cena juntas, então era sagrado, ela era minha amiga e ponto. 
Acontece que desde que a conheci, desde os meus 15 anos, ela SEMPRE me julgou, nunca tentou me ensinar nada, só me fazia sentir mal por não saber coisas que aparentemente ela já sabia. 
Ela tinha pelo menos 5 anos a mais que eu, vale ressaltar.
Enfim, ela parecia me detestar e ainda assim me chamava pra sair e pra conhecer os amigos dela e pra ir na casa dela e falava que nós éramos amigas. Mas a cada no máximo 5 meses ela fazia alguma coisa muito cruel comigo.
Primeiro eram coisas muito estranhas, uma vez eu cortei minha franja e ela falou que eu tinha "perdido minha essência" (o que basicamente significava que eu não me achava mais feia), depois contou pro meu amigo que fazia história do cinema com a gente e era mais velho que eu, que eu gostava dele, falou que eu comentava em anônimo no blog dele, sem meu consentimento, alegou que "ele merecia saber porque comentar no blog de alguém em anônimo era ser stalker e isso podia ser perigoso pra ele".
Ela ridicularizava constantemente meu inglês.
Qualquer coisa inteligente que eu falava na frente de terceiros ela respondia com entusiasmo extremo, falando coisas tipo "uau, não acredito que VOCÊ pensou isso", eu não entendia muito na época, mas era pra parecer que eu falando coisas inteligentes era raro e inesperado.
Eu dei tantas, tantas, tantas chances, relevei e só achei que fazia parte de ter uma amizade tanta coisa horrível e abusiva, tanta, tanta....
E mesmo assim eu só fui cortar vínculos de vez com essa pessoa quando, há menos de um mês, eu decidi vender nudes e, pro depósito, passei o cartão do homem que vive e divide todas as despesas comigo há mais de cinco anos, meu marido e a reação dela foi falar que "nude é uma coisa, agora a conta ser de um MACHO" tipo.... a pessoa não faz mais ideia de quem eu sou, quem é o tal macho, que que eu passo ou qualquer coisa, mas julgamentos que ninguém perguntou ela tá sempre PRONTINHA pra emitir.
Sei lá, eu tive cada referência horrível de amizade que no começo desse ano, quando eu realmente precisei de um amigo e tive não só um, como dois amigos incríveis que se desdobraram e fizeram uma diferença na minha vida tão grande que eu nunca vou poder retribuir, eu não consegui acreditar no que estava acontecendo.
Eu realmente fiquei tão emocionada e me ofereceu uma estabilidade tão grande no momento mais delicado que já passei.
Relações interpessoais são complexas e delicadas.
A vida inteira eu acreditei que ser sociável era uma obrigação, que eu tinha que ter muitos amigos.
Tava errada.
Não sou obrigada a nada e a ninguém.


segunda-feira, 15 de outubro de 2018

This is not the bad place.

É sempre bom ouvir minhas músicas.
Eu tento ouvir uma grande gama de coisas diferentes até pro meu cérebro se desenvolver melhor e direito, mas é sempre ouvir as coisas que eu, há muito tempo atrás, percebi que me deixavam mais emotiva, criativa, ligada com algo que me ajuda a ser mais eu mesma.
Não que nessas horas da vida eu ainda ache personalidade importante, mas é legal lembrar que cada indivíduo é uma experiência do simulador ou do supraeu do de sabe lá o quê, uma experimentação e a minha é única, pelo menos nesse contexto, nessa dimensão, nesse momento.
Momento que são vários se estendendo numa teia infinita de possibilidades.
É como se o universo me recompensasse por não colocar todo mundo acima de mim.
Amar todo mundo, sim, mas respeitar essa experiência de eu que eu construí, aceitar cada pedaço dela, mesmo os vacilos, mesmo as partes horríveis.
Aguentei tudo de bizarro e triste e ainda tô aqui extra disposta a viver e isso é muito bonito e milagroso.
Eu ainda me sinto muito muito feliz com qualquer coisa pequena e muito grande.
Com ouvir uma playlist que eu fiz pra agradar a mim e mais ninguém, ou ser considerada por alguém que eu considero muito, ver meus gatinhos se alimentando.
Eu sou muito facilmente alegrada e essa é minha maior sorte na vida, porque não é falso.
É chorar mesmo, se sentir a pior das pessoas, devastada e a partir daí ir melhorando e mudando minhas perspectivas até adaptar a vida que eu quero e sei que posso criar pra mim.
Eu li uma pessoa falando que cada decisão que você toma te coloca numa frequência energética diferente e cada uma dessas frequências é um universo diferente, uma dimensão.
E significa que se libertar da dor é sair da timeline mais escura possível.
Se amar é um ato revolucionário sim, amar a vida ainda mais, confiar que vai dar tudo lindamente certo é quase loucura, mas uma loucura que te torna mais forte pra enfrentar o que quer que venha por aí.
Porque antecipar uma dor que ainda não aconteceu é viver a mesma dor duas vezes.

sábado, 13 de outubro de 2018

Perdoar.

Há alguns anos atrás, quando meu maior interesse depois de artes era religião e não política, fiz um curso sobre os Kahunas do Hawaii.
Nesse curso aprendi muita coisa genial e curiosa, muita coisa que me ajudou a questionar e a me curar, dentre elas essa oração que se chamava "oração Kahuna do perdão", foi traduzida pelo maior estudioso da língua Havaiana e dos Kahunas.
A oração era essa e durante todo o processo que me permitiu me desvencilhar de um relacionamento terrivelmente abusivo eu fiz a oração.
Há na maioria das religiões um segredo na crença que qualquer comportamento que você reproduza por 21 dias consecutivos vira um hábito.
Seja comer bem, se exercitar, rezar ou se perdoar.
Então por diversas vezes eu começava a oração e no décimo dia parava, esquecia, dormia em outro lugar. Começava de novo e assim ia indo.
Até que eventualmente eu concluí a oração e percebi que o perdão que a oração por vezes coloca como sendo vindo de você e indo em direção ao outro, na verdade é todo direcionado a si.
Pelas más escolhas que mantiveram pessoas que te prejudicaram por perto, por toda a raiva e mágoa que você já sentiu, por todo pensamento horrível ou sensação de superioridade.
Essa oração é uma das muitas formas que uma vez eu encontrei de me perdoar.
E eu não tô falando de milagres religiosos e sim da percepção que o seu cérebro tem sobre ele mesmo quando a gente decide parar de se odiar e resolve gastar tempo tentando ser uma pessoa melhor.
Eu recomendo pra qualquer pessoa do mundo tentar se amar mais, mas não faço o mesmo comigo.
Cada vez que me olho no espelho me julgo tanto e com tamanha crueldade que sinto medo pelo que eu posso vir a pensar de outras pessoas.
Como espalhar amor sendo um vaso vazio dele?
Todo dia eu me xingo das piores coisas: fraca, covarde, vazia, preguiçosa, nojenta, fracassada, burra e essas são só as coisas possíveis de publicar.
Critico meu cabelo, minhas roupas, meu corpo, detesto meu papo e meu braços moles, detesto tudo com tamanha maldade que não sei como continuo acordando todos os dias só pra me odiar de novo.
Nessas de sentir ódio de si é muito fácil sentir ódio dos outros, então eu tenho sempre essa linguinha ferina pronta pra atacar qualquer um que me faça lembrar dos meus fracassos e incapacidades, qualquer um melhor que eu e quando você se odeia todo mundo é melhor que você.
Eu uso minha própria história pra me sentir pequena, diminuída, menos merecedora de amor e oportunidades, eu uso minha história passada pra justificar ser refém e vítima de mim no presente.
"Como que alguém sem educação que não se esforçou o suficiente na escola ia ser alguma coisa hoje em dia?"
"Você conseguiu algum apoio e reconhecimento quando fazia os vídeos só porque na época estava mais dentro do padrão e os caras queriam te comer"
"Nada do que você fez tem valor e seus pais não te amam porque não existe nada amável em você"
"Seus pais não te amaram desde que você nasceu porque você é detestável e hoje em dia virou essa merda porque não tinha como ser melhor"
O relacionamento mais cruel e abusivo que eu já vivi é comigo.
Eu não consigo me deixar em paz um minuto e por não me deixar em paz é difícil florescer e crescer e ser melhor, mais esperta, descobrir um ofício possível, me amar, amar as pessoas ao meu redor, tentar deixar o mundo melhor com a minha presença, tudo fica muito difícil.
E eu já fui outras pessoas, já me amei muito então eu sei que é possível. Daí eu lembrei dessa oração.
Lembrei da Jane Fonda me incentivando a cuidar do meu cérebro primeiramente e exercícios são um ótimo jeito de fazer isso.
Lembrei dos mantras, dos livros, dos meus gatos, lembrei que tem algo ou alguém aqui dentro desse vaso que merece sim ser amado e respeitado, principalmente por ele mesmo.
E agora que eu lembrei eu não quero esquecer, mas parece que toda semana eu lembro e ainda assim continuo a reproduzir maldade e machismo comigo, principalmente.
Mas tudo isso vaza, pra desconstruir tudo que há de pior em mim, eu preciso parar de achar que eu sou tudo que há de pior.
Não desejo o mal de ninguém e amo muito fácil, ainda assim não consigo me amar.
Em crises eu já tentei transferir esse ódio que sentia de mim pra uma outra vlogger, que brigou comigo uma vez, uma ex namorada do meu atual companheiro, já me concentrei nesses dois ódios, contra mulheres, porque talvez eu reconhecesse alguma semelhança entre nós e o machismo, a sociedade patriarcal, me ensinou que tá ok odiar outra mulher, é normal, a gente é louca mesmo.
No auge dos meus estudos feministas eu compartimentalizava toda minha intelectualidade e ia atacar outra mulher "ah, mas ela é machista, um desfavor como mulher, só fala merda", nada, nada, nada, nada no mundo justifica alguém estudar sobre feminismo ao mesmo tempo que agride outras mulheres, só demonstra o quanto você não entendeu nada do que leu e provavelmente só o fez por motivos egoístas, por superioridade moral... a verdade é que enquanto fazia isso, nunca fui mais miserável e triste.
Xingava a moça e me sentia o pior dos piores lixos do mundo.
Me comparava com ela e queria vencer, vencer o quê?
Como se vence da existência de outra pessoa que (na minha crença pessoal) é só um pedaço de você.
A mesma entidade infinita tendo milhares de experiências pra se conhecer melhor.
Odiar é como se apunhalar no coração e esperar que o outro sinta a dor.
Nunca foi sobre outra pessoa e ainda assim me senti no direito de infernizar um terceiro, que tristeza e baixeza.
Por essas e outras atrocidades que cometi preciso me perdoar.
Por toda vez que meu companheiro me chama de linda e eu respondo, quase que automaticamente, com um "feia".
Por toda vez que eu olho com nojo pro meu peito porque ele é caído, ou com raiva da minha barriga porque ela tem estrias, toda vez que eu debocho mentalmente de outra menina gorda que tem a coragem de se amar, mesmo que por um milésimo de segundo, mesmo que eu reprima o pensamento em seguida, ninguém nunca e em hipótese alguma deveria ser julgado por se amar, se aceitar, se entender. Isso sim é inveja.
Ver alguém que se ama e não poder dizer o mesmo de si é o primeiro passo pra maldade, pra experimentar sua pior versão possível.
Eu me sinto tão malvada que ontem assisti uma série e falavam sobre miojo na cadeia, hoje me peguei pensando "será que na cadeia do Brasil tem miojo de tomate da Turma da Mônica?", porque o que eu faço comigo mesma, se fizesse com outra pessoa, seria crime inafiançável.
Felizmente pra mim ser desajustado psicologicamente ainda não é crime perante o estado, mas moralmente não deixa de ser.


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Deixar passar.

O tempo, a vida, o convívio.
Deixa as estações passarem e os ciclos se completarem.
Deixa a música acabar pra outra começar.
Deixa passar, vai passando.
Vai deixando e transformando.
De um pra dois de dois pra três de três pra quatro.
Deixa nascer e deixa morrer.
Deixa seguir e fluir o que for.
Não se agarra nesse galho que a água vai levar de qualquer forma.
Não se prende nesse dia, nesses últimos trinta minutos.
Deixa a noite vir e a dor acalmar.
Colhe o plantio e deixa a maré subir.
Não deixa o medo te empacar nessa etapa.
Segue que ainda há muito que viver e ver e ser e criar e chorar, tenta.
Mas tenta mesmo, não finge que tentou e foge.
Dá medo porque com a dor você acostumou, mas passa.
Sempre passa e é sempre nova, nenhuma dor antiga te preparou pra dor de agora.
A gente só presume que é aprendizado e não sadismo.
Vai tentando se encaixar e se adequar sem perder absolutamente tudo que tinha na primeira ascensão, mas no fim das contas perde e acha tudo.
Uma vez atrás da outra.
Se renova por completo e completamente novo reemerge.
No eterno espiral que a gente confunde com um círculo.